Inquérito sobre a avaliação dos riscos do setor segurador e dos fundos de pensões – RiskOutlook2.0 – junho de 2025
A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) publica hoje o RiskOutlook2.0, apresentando os resultados da informação recolhida através do inquérito semestral da ASF às empresas de seguros (ES) e entidades gestoras de fundos de pensões (EGFP), com data de referência de 31 de dezembro de 2024, sobre a avaliação dos riscos a que estes operadores se encontram expostos em cada momento de avaliação.
Pela primeira vez, os resultados do RiskOutlook2.0 são disponibilizados em formato de Dashboard, numa página dedicada do sítio da ASF na internet, o que constitui um passo assinável, ainda que transitório, no processo de digitalização desta publicação. A presente edição encontra-se estruturada em três partes: i) os Principais Destaques, que incorporam as principais mensagens a reter sobre os riscos a que os setores segurador e dos fundos de pensões se encontra, expostos; ii) a Avaliação Global dos Riscos, abrangendo a análise dos resultados resultantes da (auto)avaliação global e individual das ES e das EGFP em relação aos riscos com maior materialidade; e por último, iii) o Questionário Qualitativo sobre Riscos Cibernéticos, em que se apresentam os resultados da secção dedicada do inquérito à perceção das ES e EGFP em matéria de exposição aos riscos cibernéticos, com o objetivo de aferir o sentimento e sensibilidade das entidades face a estes riscos e a respetiva evolução face à informação do inquérito anterior.
No que respeita à avaliação global e individual efetuada pelas ES, relativamente aos principais riscos, são destacados os riscos relacionados com o ambiente macroeconómico nacional e internacional e os riscos geopolíticos como sendo os suscetíveis de assumir maior materialidade para o desempenho da atividade do setor segurador. As projeções das ES num horizonte temporal de um ano, apontam para a deterioração de diversos riscos, com maior magnitude para os riscos geopolíticos, os riscos associados ao ambiente macroeconómico internacional e os riscos cibernéticos. No âmbito dos riscos específicos para os ramos Vida e Não Vida, o risco associado à evolução da produção foi sinalizado como sendo o mais relevante em ambos os segmentos. No que se refere às projeções para o mesmo período, antecipa se um agravamento dos riscos emergentes1.
Na perspetiva do setor dos fundos de pensões, as EGFP identificaram os riscos geopolíticos, o panorama de taxas de juro e o ambiente macroeconómico internacional como sendo os riscos passíveis de impactar com maior magnitude o desempenho da sua atividade. Salienta-se ainda o aumento da preocupação com os riscos emergentes2 nos planos BD. No horizonte de 12 meses, a expetativa é de agravamento dos riscos geopolíticos, dos riscos associados ao ambiente macroeconómico internacional e do risco acionista.
Em matéria de riscos cibernéticos, o setor segurador avalia estes riscos como apresentando uma materialidade média-alta ou elevada, antecipando-se um agravamento da sua exposição nos próximos três anos. Do ponto de vista do negócio, em termos de aceitação de riscos cibernéticos, apenas um número limitado de empresas de seguros comercializa produtos com cobertura (explícita) de riscos cibernéticos, recorrendo, total ou parcialmente, ao resseguro para efeitos de transferência dos riscos assumidos. No que respeita à avaliação dos riscos cibernéticos numa perspetiva de risco operacional, os principais impactos identificados localizam-se ao nível dos sistemas e ativos de informação, do apoio ao cliente e das atividades de gestão de sinistros.
Relativamente ao setor dos fundos de pensões, uma parte significativa das EGFP indicou que os riscos cibernéticos têm, em termos globais, uma materialidade média-alta ou elevada para o setor. A classificação média da exposição das oito sociedades gestoras de fundos de pensões a riscos cibernéticos manteve-se no nível médio-baixo, apesar de se prever um agravamento para o nível médio alto no horizonte temporal de três anos. Numa perspetiva de risco operacional, os sistemas/ativos de informação, os serviços prestados por terceiros e a gestão de pensões foram as áreas identificadas como tendo maior exposição a riscos cibernéticos.
Consulte o RiskOutlook2.0 – junho de 2025.
1 Compreendem os efeitos da evolução económica, social, ambiental e tecnológica sobre o negócio Vida, incluindo, entre outros, os impactos da transformação do mercado de trabalho, da mobilidade, das alterações climáticas, da disseminação de dispositivos que possibilitam o registo de dados relevantes para a aferição do perfil de risco em tempo real, bem como do avanço tecnológico na aceitação e gestão de riscos.
2 Compreendem os efeitos da evolução económica, social, ambiental e tecnológica com potencial impacto nos fundos de pensões, nomeadamente, entre outros, os efeitos do aumento dos níveis de informação aos consumidores, das mudanças nos hábitos de saúde e alimentares, do desenvolvimento tecnológico de plataformas alternativas de captação de poupança a custos reduzidos, da evolução do mercado de trabalho.