Painel de Riscos do Setor dos Fundos de Pensões da ASF – Junho de 2025
A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) publica hoje a mais recente edição do Painel de Riscos do Setor dos Fundos de Pensões, apresentando o panorama atual dos riscos relevantes para o setor nacional, face à informação disponível. Em concreto, o Painel considera a informação das variáveis financeiras relativa a 15 de julho de 2025, conjugada com os dados reportados pelas entidades gestoras de fundos de pensões, com referência a 31 de março de 2025.
A categoria de riscos macroeconómicos mantém-se em nível médio-alto, face ao contexto internacional que continua marcado por elevada incerteza, refletindo a persistência dos conflitos no Leste Europeu e no Médio Oriente. Paralelamente, subsistem riscos associados à política comercial global, em particular à aplicação de tarifas aduaneiras pelos Estados Unidos da América a outras economias mundiais, com impacto potencial significativo no abrandamento do crescimento económico europeu e nacional.
Os riscos de crédito mantiveram-se igualmente em nível médio-alto. Apesar da redução generalizada dos prémios de risco da dívida soberana, desde o final de abril de 2025, e de forma mais expressiva, nos emitentes privados, o agravamento das tensões geopolíticas na Europa tem vindo a pressionar o aumento do investimento em defesa, com potenciais implicações no endividamento público.
A categoria de riscos de mercado mantém-se em nível médio-alto. Desde o final de abril, registou-se uma diminuição da volatilidade nos mercados acionista e obrigacionista, perturbada pelo conflito entre o Irão e Israel, que contribuiu para um ligeiro aumento da volatilidade nos mercados acionistas durante o mês de junho. Importa igualmente salientar a persistência do risco de uma correção significativa nos preços dos ativos, bem como a possibilidade de um agravamento da volatilidade, caso as negociações em curso sobre acordos comerciais não se revelem bem sucedidas.
Os riscos de liquidez, mantiveram-se no nível médio-baixo, com o rácio de liquidez de ativos a fixar-se em 63,3% em março de 2025.
Os riscos de rendibilidade e solvabilidade das sociedades gestoras de fundos de pensões (SGFP) mantiveram-se em nível baixo, com melhorias na rendibilidade média dos capitais próprios e na margem global de solvência das SGFP durante o ano de 2024.
A categoria de riscos de interligações, em que se destaca a ligeira diminuição das exposições à dívida pública portuguesa e a emitentes do setor financeiro, a par de um ligeiro aumento na concentração de ativos por grupo económico, manteve-se no nível médio-baixo.
Por fim, também os riscos específicos dos planos de Benefício Definido (BD) e de Contribuição Definida (CD) se mantiveram no nível médio-baixo, apresentando, no entanto, uma tendência ascendente e inclinada ascendente, respetivamente. Esta alteração resultou, em grande medida, da evolução negativa da rendibilidade média dos fundos de pensões no último trimestre analisado: -1,8% nos planos BD e -0,4% nos planos CD.
Consulte o Painel de Riscos do Setor dos Fundos de Pensões – junho de 2025
Sobre o Painel de Riscos dos Fundos de Pensões
O Painel de Riscos do Setor dos Fundos de Pensões português, de análise trimestral, é uma das ferramentas utilizadas pela ASF para a identificação e mensuração dos riscos e vulnerabilidades do setor na perspetiva da preservação da estabilidade financeira, tendo por base um conjunto de indicadores, e considerando 8 categorias de risco: macroeconómico, crédito, mercado, liquidez, rendibilidade e solvabilidade das SGFP, interligações, específicos de planos de pensões BD e específicos de planos de pensões CD.
No Painel, o nível dos riscos é representado pelas cores: vermelho – alto; laranja – médio alto; amarelo – médio baixo; e, verde – baixo. A tendência de evolução dos riscos refere-se à alteração face ao último trimestre e é representada pelas setas: ascendente – aumento significativo do risco; inclinada ascendente – aumento do risco; lateral – constante; inclinada descendente – diminuição do risco; e, descendente – diminuição significativa do risco.